quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Nossas Raizes




Nossas Raízes


Para saber quem somos, de onde viemos, não poderíamos deixar de contar um pouco a história de nossos "antepassados".
Iniciando pelo nosso querido Padrinho de Umbanda Caboclo Irajé e sua médium Madrinha Elvira.Umbanda 100 Anos - Nós Fazemos parte dessa História.
Aberta há 44 anos, a Tupã Oca do Caboclo Irajé escreveu sua história na Umbanda.
A Tupã Oca do Caboclo Irajé foi aberta em 23 de Abril de 1964, sendo Dona Elvira Moura Lourenço, sua fundadora, médium que incorporava o Caboclo Irajé. Porém, a vida espiritual de dona Elvira teve início bem antes, ao entrar em um terreiro que, por falta de preceitos e fundamentos, acabou por adquirir problemas espirituais que levaram ao seu afastamento.
Através de uma amiga, conheceu então o Primado de Umbanda do Estado de São Paulo, casa do Caboclo Arranca Toco, comandada pelo médium, Sr. Félix Nascentes Pinto. Foi recebida e submetida a um tratamento espiritual. Posteriormente, já fortalecida, passou a fazer parte das correntes mediúnicas da casa e iniciou seu desenvolvimento, sendo preparada pelas mãos de Sr. Félix e Sra. Iracema Bastos Pinto, sua esposa.
A primeira entidade a incorporar na matéria de dona Elvira foi Pai Damião, vindo na Linha de Iofá, os Pretos-Velhos, em seguida, se manifestou a Baiana Maria Pilintra, porém, naquela época, a linha Baiana não vinha trabalhar no Primado de Umbanda.
Sr. Félix percebeu então que dona Elvira tinha uma missão maior que ser médium e trabalhar dentro da casa de seu Pai Arranca Toco, mas ter seu próprio terreiro. Deu a ela todos os ensinamentos necessários e toda documentação, uma vez que, financeiramente, dona Elvira não teria como pagar por isso e assim, a Tupã Óca do Caboclo Irajé passou a existir, sendo a 5ª. Filial do Primado de Umbanda do Estado de São Paulo.
Início da Missão do Caboclo Irajé
Inicialmente dona Elvira atendia na sala de sua casa, com o auxílio de sua irmã Ninica.
A primeira sede foi aberta numa pequena sala na Rua Zodíaco, Vila Carrão, em três meses de atendimento, já possuía cinqüenta médiuns fazendo parte das correntes espirituais da casa. Foi necessário mudar, então para um salão maior, locado na Rua Planeta, Vila Formosa. Os atendimentos ao público passaram a ser realizados duas vezes por semana, as terças e sábados e às quartas-feiras eram realizadas sessões de desenvolvimento para o perfeiçoamento e doutrina dos médiuns.
Na mesma época, Sr. Félix descobriu em dona Elvira um dom especial, o da vidência e passou a ela alguns ensinamentos para que pudesse ajudar às pessoas também desta forma. Ela começou a ler nas águas os problemas e as soluções para as pessoas que a procuravam, ficando muito conhecida por esse dom. Atendia todas as segundas e quartas-feiras, incansavelmente, cerca de 60 pessoas por dia, das 7hs às 21hs.
médiuns participando da casa, bem como de pessoas em busca de ajuda, a Tupã Oca do Caboclo Irajé mudou-se para sede própria, na Rua Mororó, Tatuapé, onde se encontra até os dias atuais. Com muita luta, ajuda de seus médiuns e a doação de pessoas que conseguiam através dela resolver seus problemas, conseguiu então construir sua casa.
OS FILHOS DE PAI IRAJÉ
Durante sua caminhada, em tantos anos de caridade, dona Elvira contou com a ajuda de pessoas muito especiais que tiveram grande participação na construção de tudo que temos hoje.
Uma dessas pessoas foi, sem dúvida, Senhora Eulina Ferreira Lourenço, filha
espiritual do Caboclo Irajé, médium do Caboclo Gira Mundo e sua nora. Sendo o braço direito de dona Elvira, esteve sempre presente, cuidando de assuntos materiais e espirituais, mantendo as tradições, hierarquia e preceitos.
Foi assim, um dos alicerces para a construção do que hoje é o terreiro do caboclo Irajé, de acordo com o que prega a nossa Umbanda: humildade, simplicidade, respeito e caridade desinteressada. Em 29 de Julho de 2002, a
Senhora Eulina Ferreira Lourenço também fez sua passagem, deixando uma grande saudade e a certeza na Justiça de Xangô.
Mas não sejamos injustos, pois todos os médiuns e Caboclos que um dia pertenceram a essa corrente, participaram, de alguma forma, deste crescimento e trouxeram sua parcela de luz e axé.
Dona Elvira preparou e coroou, como chamamos a “feitura de santo”, mais de cem médiuns, entre os quais, alguns se destacaram.
Um dos filhos mais ilustres e queridos por dona Elvira foi Orestes Dolcinotti Filho, médium do Caboclo Lírio Branco.
Durante o tempo em que pertenceu ao terreiro, realizava casamentos, batizados, cantava as curimbas e ajudava em tudo que era necessário.
Como um bom filho de Caô, sua contribuição foi a sabedoria e muita luz.
Dona Elvira tinha por ele um imenso carinho, considerando-o como verdadeiro filho de sangue.
Antes de sua passagem em 2006, mesmo pertencendo a outro terreiro, Orestes voltou à casa de seu Pai Irajé e novamente trouxe sabedoria para nós, os novos médiuns de Umbanda, em suas palestras e ensinamentos, despertando em quem pouco conhecia a respeito de sua história, um grande
carinho, respeito e admiração. Além de tudo, projetou reformas para melhorar nosso espaço físico, as quais, graças a ele, estamos realizando.
Queremos deixar aqui nossa homenagem, com muita saudades e gratidão.
Tupã Oca do Caboclo Irajé e Pai Folha Seca
Informativo Tupã Óca do Caboclo Irajé

Dezembro / 2008

Caboclo Arranca Toco
Todo inicio de trabalhos, saudamos o Caboclo Arranca Toco. Ele é nosso Bisavô de Umbanda, "Pai do Caboclo Irajé" de nossa Madrinha Elvira.
Segue uma breve biografia do aparelho (médium) do Caboclo Arranca Toco, Sr. Felix.

***https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgJjQ37bd0lSju9tNamYgS1P5c8HnsJeCtYywlkgAZS6Jl-XwwKlyoobbDbbEoMwisGTPKtaTcAruGi_8fpyxOxh8t0C7fAsqN5WfOpU1hd6pH02c6_G1WF6hxaRCoE1wr4v8hssHo6qE/s400/felix_p.jpg?293
Felix Nascentes Pinto nasceu em 1° de Abril de 1900, em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro. Em 1911, mudou-se para o então Distrito Federal, Aos 25 anos, sentiu sua primeira manifestação mediúnica, procurou então o Sr. Benjamim Figueiredo, que possuía um Tenda de Umbanda na Rua São Paulo, começou ali , na Tenda Espírita Mirim, seu desenvolvimento como médium e Umbandista.
Assim amparado, e com muita vontade de trabalhar e pesquisar, começou seu estágio. Em virtude da grande perseguição que naquela época sofria a Umbanda no Distrito Federal, achou Benjamim que o noviço Felix deveria ir para a Bahia. Foi então para Salvador, ficando com José da Silva Costa, da “ Nação Angola “, e que era também conhecido como José do Mocotó, em virtude de morar na Rua do Mocotó, no Bairro de Praia Grande. Felix confessa “ Onde José da Silva Costa põe o pé, eu não coloco a mão. Gostaria de ser um José do Mocotó. A ele rendo minhas homenagens e respeito. “Durante quase um ano. Félix ficou ali, até sua “ feitura de cabeça “.
Após a revolução de 1930, transferiu-se para São Paulo, aí encontrando também bastante dificuldade e acirradas perseguições aos Umbandistas, mas a sua fé era inabalável, e continuou seu trabalho graças à proteção dos Guias. Félix queria saber mais sobre Umbanda e, voltando para o Rio de Janeiro, cursou com aproveitamento a Escola de Formação de Chefe de Terreiro (C.C. T), na Tenda Espírita Mirim, no período de 1937 a 1940.
Voltando para São Paulo, encontrou no bairro de Vila Anastácio, um casal que muito as escondidas praticava a Umbanda, e aí Félix juntou-se a eles, continuando a praticar o culto. Passaram-se os anos, Felix percebeu que já estava na hora do culto Umbandista impor-se. Em 1950, fundou sua própria Tenda, a Tupã Oca do Caboclo Arranca Toco, só quando recebeu “ alforria ‘’ - o “ axé do Santo “ , a ordem para montá-la, a qual até hoje funciona, dentro dos princípios e ensinamentos deixados por ele.
Em 1952, apesar das perseguições e outras perturbações, resolveu levar a Umbanda para a rua, fazer uma grande festa pública. Com muito sacrifício, esta festa foi feita no Senac, na Rua Galvão Bueno, no bairro da liberdade. Era em homenagem a Oxossi. Foram convidadas 11 Tendas do Rio de Janeiro e algumas de São Paulo. A delegação carioca era comandada pela pessoa que guiou seus primeiros passos, Benjamim Gonçalves Figueiredo. Quando, nesse mesmo ano, foi fundado no Distrito Federal o Primado de Umbanda, sob a presidência de Benjamim Gonçalves Figueiredo, Félix foi convidado a criar, em São Paulo, uma Delegacia do Primado do Rio. Assim, reuniu várias tendas em São Paulo, registrando-as no Distrito Federal. O crescimento da Delegacia, entretanto, fez com que logo depois, em 1960, ele fundasse o Primado de Umbanda do Estado de São Paulo. Já havia, então 70 tendas filiadas.
Daí para a frente, Félix aprimorou-se dentro da Umbanda, na preparação de médiuns, em suas próprias palavras: “ Trata-se de algo muito complicado e profundo, mexer com a cabeça de quem tem “ Santo “ de modo errado, causa grande dano”. Preparou em sua vida cerca de 400 médiuns, “ confirmados “ e muitos estão com suas tendas abertas, praticando a Umbanda e transmitindo os ensinamentos aprendidos.
Entre as muitas alegrias que teve no transcorrer de sua vida, a que marcou profundamente este homem foi relatada por ele a uma revista chamada Umbanda, da Editora Alves ltda, em 1973: “ já tive várias alegrias, mas, modéstia à parte, o que mais me alegrou aconteceu em uma festa de aniversário da Tenda Mirim: participavam dessa festa todas as filiais dessa tenda, umas 50, todas feitas por Benjamim, e cada qual com sua sede própria. Eu, na qualidade de dirigente de tenda aqui em São Paulo, chamando-o de pai como o chamo até hoje, tive a primazia, coisa que me comove até hoje, quando o Caboclo Mirim, que é o guia chefe daquela organização, passou para mim o comando da festividade. Essa foi uma das maiores emoções que tive na Umbanda, porque, francamente,eu não merecia receber tantas honrarias como recebi diante do chefe. Outras alegrias e emoções vieram através de manifestações de espíritos em forma de caboclos, preto-velhos , exus, etc , que em um ato de magia têm realizado coisas maravilhosas. Eu me sinto felicíssimo nesses 47 anos de Umbanda.”
Participou em sua via de vários movimentos em prol da Umbanda:Em 1953, realizou a primeira festa em homenagem a Iemanjá na Praia Grande, com um grande números de tendas e médiuns.
Em março de 1968, representou o Souesp no Almoço de confraternização da família Umbandista do Vale do Paraíba.Deu nome ao bairro Vila Mirim no município da Praia Grande, em homenagem ao Caboclo Mirim, entidade de seu Pai Benjamim.
Em 12/1976, com “seu” Félix já falecido, ganhou uma rua com seu nome. Foi o primeiro Umbandista a receber esta homenagem. No dia 6 de novembro de 1976, o Diário Oficial do Município publicou o Decreto 13.871, assinado pelo prefeito Olavo Egidio Setúbal, cujo artigo 1° diz: No artigo 2° , diz “ deverá constar na placa: “ Umbandista – 1975 “.
Em 1970, dentro das dependências do Primado de Umbanda foi criado o Hino da Umbanda, de autoria de J.M.Alves, o qual era freqüentador da casa, e o Hino foi gravado pela curimba da tenda do Sr. Félix.
Enfim, participou de vários encontros de dirigentes, seminários, debates na televisão, fundou órgãos de defesa da Umbanda, jamais escondeu sua condição de líder Umbandista.
Palavras usadas por Félix Nascentes Pinto, ouvidas de seu Pai Benjamim: “Umbanda é coisa séria pra gente séria“ , e ainda, com suas palavras: “ Umbanda prega amor e caridade sem ter covardia. Se formos atacados, nós nos defendemos através dos Orixás, Caboclos, Pretos Velhos e assim por diante. Todos os Umbandistas moram no meu coração e merecem o meu respeito; assim, faço com que eu também more em seus corações. Não considero ninguém mau; alguns agem erradamente por ignorância ou falta de conhecimento, sem falar nos aventureiros, que infelizmente estão infestando nosso meio. Eles se aproveitam do rótulo de Umbanda para fazer uma série de patifarias. Os católicos se dizem irmãos em Cristo, e nós somos irmãos em Oxalá, que tem como representação a imagem de Jesus Cristo. O verdadeiro Umbandista deve tratar a todos e aceitar a todos sem nenhum preconceito de raça, cor ou posição social.”
Félix viveu uma vida em prol da Umbanda; ao desencarne, completava 50 anos de estudos e prática de Umbanda e Candomblé ( embora só praticasse a Umbanda ).
Fez sua “ grande viagem “ no dia 20 de setembro de 1975, deixando uma lacuna jamais preenchida dentro dos corações de quem com ele conviveu. Seus ensinamentos estão vivos nas mentes em que foram semeadas.
Numa lição de amor, humildade, caridade e abnegação (pois nem na doença ele se afastou de seus filhos” ), ensinou a todos os Umbandistas de verdade o quanto é difícil permanecer fiel ao sentimento nobre o puro de servir aos irmãos necessitados sem se envaidecer ou endeusar.
Na verdade, muitos são os que pretendem subir a íngreme montanha da Umbanda pura, porém são raros os que não desanimam no meio da escalada, ou não optam por caminhos mais fáceis. “ Muitos são chamados, Porém Poucos os Escolhidos.”“ Todo aquele que se propuser a continuar a espinhosa tarefa de orientador ou médium, e não se acercar de humildade e uma forte dose de autocrítica, jamais conseguirá atingir o lugar de – “ iluminado .“
Fonte: Primado de Umbanda - SP
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