segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pergunta à Preta Velha...

Temos percebido uma dificuldade comum na maioria das casas onde se presta a caridade com relação ao silêncio dos consulentes tão necessário, desde a fila de entrada até o momento em que a pessoa é atendida. Que sugestão Vó nos daria?


VOVÓ : A casa de caridade que trabalha com a espiritualidade, seja ela um terreiro de umbanda ou outro templo qualquer, é um hospital de almas. Para lá se encaminham os necessitados de curar suas dores emocionais, mentais ou espirituais e porque não, também físicas. Sendo assim, fragilizados, desorientados e tantas vezes obsediados, inquietam-se sob o pedido de silêncio, pois precisam mostrar, contar que sofrem.
O ser humano da atualidade não sabe mais parar, muito menos introspectar, por isso também, sofre. O espelho disso são os consultórios médicos ou terapêuticos sempre superlotados e da mesma forma, os centros espiritualistas. As pessoas não se conhecem porque não se olham e se o fazem, não se enxergam; resta então buscar alguém que lhes diga o que está errado nelas ou que lhes receite um remédio, um alívio. Para certas dores não há calmante, há sim, mudanças de atitude a serem feitas, ou seja, uma reeducação.
Quando silenciamos nossa mente, principalmente dentro de um ambiente onde a egrégora espiritual é elevada e conseguimos nos conectar com nosso “eu” superior, já terapeutizamos, com esse gesto, cinqüenta por cento de nossas dores. Nessa condição de quietude, nos tornamos aptos, acessíveis aos espíritos que ali estão para o auxílio fraterno. E diga-se que nós, deste lado onde o tempo e a distância inexistem, ficamos de plantão e muito além do portão desses “hospitais”, antes que ali chegue o primeiro trabalhador ou o primeiro consulente da fila. Formamos todo um ambiente propício para o bom andamento do trabalho no plano terreno e isso demanda um grande esforço como também um grande número de trabalhadores espirituais.
Mas para que alguém aprenda algo é preciso, antes de tudo que haja alguém para ensinar. Já se foi, zi fia, o tempo em que o terreiro ou o centro espírita era um local cheio de mistérios, onde as pessoas chegavam a temer os espíritos e a maioria lá comparecia em busca de fenômenos, sem entender nada do que acontecia durante o trabalho.
Hoje é preciso que além de hospital, seja também um educandário de almas, mas não somente de desencarnados em busca de doutrinação. As pessoas gostam de aprender e com certeza sairão muito mais felizes de um local onde lhes foi explicado sem mistérios, sobre o atendimento que receberam. Isso colabora também para tenham discernimento do que é certo e do que é errado, evitando que caiam em mãos de aproveitadores.
É urgente que se ensinem os vivos para que vivam melhor e conseqüentemente desencarnem decentemente e que estando do outro lado, estejam conscientes de sua condição de vivos ainda. É preciso falar aos consulentes que não é o preto velho nem o mentor com nome famoso que vai resolver suas pendengas, mas que isso será alcançado por ele mesmo quando admitir mudar atitudes, pensamentos e inclusive, quando aprender a silenciar a se escutar. Todos nós temos um Mestre interior muito sábio e quando aprendemos a ouvi-lo, nos surpreenderemos com as mudanças positivas que ocorrerrão em nossa existência. As entidades que ali estão, são seres dispostos ao auxílio, mas acima de tudo aprenderam a respeitar o livre arbítrio do outro e por isso só podem ajudar a quem estiver apto a receber essa ajuda. Nem Jesus curou a todos, mas somente aqueles que tinham fé e merecimento.
Quando os templos entenderem que não se ajuda “resolvendo” o problema do sofredor, mas que é preciso faze-lo compreender como se processa a auto-cura, quando os templos se abrirem ao ensinamento dos consulentes, com palestras educativas, as filas de sofredores diminuirão, dos dois lados da vida.
Nega veia é muito faladeira e gosta de passar os ensinamentos que adquiriu na escola da carne de onde muitas vezes retornou diplomada, ganhando passe livre para a pátria espiritual, mas em muitas delas rodei e tive que retornar para refazer as lições. Por isso hoje este espírito errante acredita que se existe crime que se possa praticar contra a evolução de um ser, é lhe negar informações, é deixar de ensina-lo, de lhe apontar o caminho. Por outro lado, cuidado com a imposição. É preciso respeitar o livre arbítrio e se um espírito se nega ao aprendizado, nada lhe imponha, mas também não o carregue no colo. É assim que o Grande Pai faz com seus filhos, dá a todos as mesmas oportunidades e nos deixa livres para escolher, se isentando, no entanto, e tirar nossa dor se essa foi nossa escolha.

Leny W. Saviscki
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