quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Magias e Mirongas

MAGIAS E MIRONGAS NA UMBANDA 


* AS ERVAS


· Como poderíamos ter uma idéia do efeito energético da defumação atuando simultaneamente no plano físico e astral?

Desde o instante em que as ervas principiam a germinar no seio da terra até o momento em que são colhidas, elas extraem do solo toda a sorte de minerais, vitaminas, proteínas, sais químicos e unidade, além de serem imantadas pelos raios solares, eflúvios elétricos e magnéticos provindos da própria Lua.
Algumas plantas são fontes prodigiosas de utilidades benfeitoras à humanidade, já na sua textura física, como é a carnaubeira, vegetal da família das palmáceas. O homem pode extrair dela: açúcar, sal, álcool, ração para o gado, madeira para habitação, combustível para iluminar, resina para cola, medicamentos. São inúmeras utilidades catalogadas nessa planta, cujo poder e serventia, considerados apenas no campo físico, ainda prolongam-se pelo mundo astral, num campo de forças incomuns.
Enfim, todo o potencial que se elabora no seio da planta, durante os meses de sua vivência no solo seivoso da terra, depois é liberto em alguns minutos da defumação, projetando em torno um potencial de forças, que, além de sua manifestação propriamente física, ainda descarregam miasmas disseminados no ambiente humano. A queima de ervas defumadoras também obedece a uma determinada disciplina mental ou concentração, atraindo a cooperação de espíritos de pretos-velhos e caboclos, simpáticos a tal processo tradicional de defesa psíquica, os quais ajudam a amenizar na limpeza das pessoas enfeitiçadas.
A defumação representa uma operação de liberação de energias, as quais passam a repercutir novamente nos planos de onde se originaram. O perfume, ou a exalação natural das plantas, também age na emotividade e na mente do ser, pois seu odor associa idéias e reminiscências místicas.

· A defumação pode afastar espíritos mal intencionados?

Há certos tipos de ervas cuja reação etérica é tão agressiva e incômoda, que torna o ambiente indesejável para certos espíritos; assim como os encarnados afastam-se dos lugares cujo odor não é agradável.
Há perfumes que inebriam determinadas pessoas, mas causam cefaléias, tonturas, e até náuseas em outras criaturas.
Durante a queima de ervas, produzem-se reações agradáveis ou desagradáveis no mundo oculto, porque, além de sua propriedade física, elas também libertam outras energias provenientes do armazenamento do éter e do magnetismo físico no duplo etérico do vegetal. O cheiro ou a exalação das ervas e flores que afetam o olfato dos encarnados, também é um campo vibratório a influir fortemente nos desencarnados, cujas emanações fluídicas penetram diretamente no perispírito.

· A finalidade da defumação é apenas de libertar energias astrais bombardeando os maus fluídos durante as reuniões mediúnicas ou ainda possui outra função mais física?

A defumação é um recurso benéfico solicitado ao vegetal, que além de elevar a vibração psíquica do ser, ainda purifica o ambiente fluídico, assim como se fazia outrora nos templos egípcios, babilônicos, igrejas católicas, e em terreiros de Umbanda. Trata-se de um recurso intuído pelos próprios mentores do Universo para que o homem encarnado preencha com o odor agradável do vegetal o abismo vibratório existente entre os dois mundos da matéria e do espírito.
A Umbanda firma o seu intercâmbio mediúnico através de cânticos, altares, danças, luz, flores velas, vestimentas e defumações, mantendo seus médiuns e o ambiente preparados para os trabalhos. Nos médiuns, os poros da pele ficam mais sensíveis e até a pulsação cardíaca torna-se audível.
As ervas empregadas na defumação podem ter outras propriedades adicionadas às suas próprias, pela magnetização. O cântico dirigido às Entidades Celestiais faz com que Elas ampliem os seus valores naturais. Com esse intuito, ao ser aberta uma sessão de Umbanda, a defumação é acompanhada de música especial. Não se iniciam os trabalhos sem que os presentes e o terreiro estejam purificados.

· Os banhos de ervas também ajudam a eliminar da aura os fluídos danosos presentes em nossa matéria?

Sem dúvida, pois as plantas são núcleos de forças vigorosas. Ao contrário da defumação, o banho de ervas deve ser preparado com as ervas seivosas, frescas.
Elas libertam forças que se acumulam durante a germinação e o crescimento; depois, bombardeiam a aura humana sobrecarregada de fluídos nocivos, desintegrando os centros de convergência mórbida. As energias nelas contidas são transferidas para a água. Ao jogarmos a água do banho em nosso corpo a energia das ervas limpa e descarrega nossa aura de energias negativas e carrega-a com bons fluídos, preparando-nos para receber as irradiações de nossas entidades.


* FEITIÇOS

· O que significa enfeitiçamento verbal?

O enfeitiçamento pode efetivar-se pela força do pensamento, das palavras e através de objetos imantados que produzem danos a outras criaturas. O enfeitiçamento verbal resulta de palavras de crítica antifraterna, maledicência, calúnia, traição à amizade, intriga, pragas e maldições. A carta anônima e até mesmo a reticência de alguém, quando, ao falar, dá asas à desconfiança ou dúvida sobre a conduta alheia, isso é um ato de enfeitiçamento. O seu autor é responsável perante a Lei do Carma e fica sujeito ao “choque de retorno” de sua “bruxaria” verbal, sendo a extensão do prejuízo que venha a resultar das palavras ou gestos reticenciosos desfavoráveis e mentirosos ao próximo.
A palavra tem força, pois é o veículo de permuta do pensamento dos homens, os quais ainda não se entendem pela telepatia pura. Quando alguém lança uma calúnia, essa vibração mental atrai e ativa igual cota dessa energia das demais pessoas que a escutam, aumentando o seu feitiço verbal com nova carga malévola. Assim, cresce a responsabilidade do maledicente pelo caráter ofensivo de suas palavras, à medida que elas vão sendo divulgadas e apreciadas por outras mentes, atingindo então a vítima com um impacto mais vigoroso do que o de sua força original. O malefício verbal segue o seu curso, pessoa por pessoa, assim como a bola de neve se encorpa lançada costa abaixo.

· Qual é a diferença entre o feitiço verbal e o mental?

Sem dúvida, quer seja feitiço verbal ou mental, o pensamento é sempre o elemento fundamental dessa prática maléfica, pois não existem palavras sem pensamentos e sem idéias. Quando o homem fala, ele mobiliza energia mental sobre o sistema nervoso, para então acionar o aparelho de fonação e expressar em palavras as idéias germinadas na mente. E o feitiço mental ainda pode ser mais daninho do que através da palavra, pois é elaborado demorada e friamente sob o calculismo da consciência desperta, em vez de produto emotivo do instinto incontrolável. O enfeitiçamento verbal produzido por uma maldição ou praga, pode gerar-se num arrebatamento de cólera, contrariedade ou desforra de natureza mais emotiva ou explosiva, produzindo mais fumaça que ruínas. Faltando-lhe a premeditação, que confirma o impacto ofensivo, também pode ser menos prejudicial.

· Qual a diferença na contextura dos bons e maus pensamentos?

Os pensamentos sublimes e altruístas são de vibração muito rápida e sutil, alimentados por um combustível diáfano, que não deixa resíduos no perispírito. Quando atraídos por outras mentes afins, eles também ativam os sentimentos e as emoções superiores. Mas tratando-se de pensamentos mais raros, só influem em seres de boa estirpe sideral. As idéias, sugestões e criações mentais sobre o amor, a paz e o bem, em verdade, são energias extraordinárias e de qualidade incomum, que adubam o crescimento sadio do espírito humano. Há pensamentos científicos, religiosos e teosóficos, que influem preferencialmente em certo setor da atividade humana.
Os pensamentos malévolos, vingativos, coléricos e odiosos, imantam-se de magnetismo inferior e sobrecarregam-se de fluído mental, astral e etéreo, de baixa vibração, agindo tão eficaz e rapidamente na atmosfera terrena, que justificam realmente o velho refrão: “O mal propaga-se mais fácil que o bem!”
O homem é o que pensa; o seu espírito, quando escravo das manifestações desregadas, faz da mente apenas o instrumentos de sua relação egoísta com o mundo inferior; e depois da morte submerge-se num mar de magnetismo viscoso e aderente.

· É certo que uma pessoa “enfeitiçada” pode ser diagnosticada erradamente pelo médico quando se sente adoentada?

A pessoa enferma e “enfeitiçada” quase sempre ignora a origem de sua perturbação, assim como a sua aura conturbada também pode influir sobre o médico que a examina e levá-lo a um diagnóstico impreciso ou errado. Após perambular incessantemente por consultórios médicos, sofrendo terapias confusas e até intervenções cirúrgicas desnecessárias, algumas criaturas só conseguem a sua cura aliando o tratamento físico à renovação espiritual, ou ajustando a sua mediunidade florescida prematuramente sob a ação estimulante do “feitiço”, pela freqüência aos centros espíritas ou terreiros de Umbanda. Então melhoram, porque aumentam as suas defesas psíquicas fortificadas pela conduta superior, como também ficam sob a guarda de espíritos benfeitores, que os ajudam a dissipar os maus fluídos.

· O que deve-se entender por “endereços vibratórios”?

O “endereço vibratório” é o objeto pertencente à pessoa cujo trabalho está sendo realizado. Serve de orientação, já que muitas vezes a pessoa para qual está sendo dirigido o trabalho, não está presente. Geralmente são roupas, sapatos e objetos pessoais.


* TRABALHOS

· A presença da cor vermelha, tão freqüente em fios, contas, retalhos e outras coisas, têm alguma função importante nos trabalhos realizados na Umbanda?

O vermelho é uma cor física, excitante e sangüínea, que facilmente se acasala ao campo vibratório das forças primária acumuladas no processos de magia. Fitinhas e figas vermelhas são muito usadas para desviar a carga nociva do “mau-olhado”, cuja cor tão objetiva excita e irrita o próprio touro. É cor primária, que as tribos selvagens e os pajés africanos tanto preferiam nos seus ritos bárbaros quanto em festivais folclóricos.

 PATUÁS
Uma antiga expressão diz: "Quem não pode com mandinga, não carrega patuá". Os mandingas são grupos de africanos do norte que, pela proximidade com os árabes acabaram se tornando muçulmanos, religiosos que tem muitas restrições aos que não aceitam Alá como Deus ou Maomé como o seu profeta.
Com o crescimento do tráfico de escravos, vários negros mandingas vieram parar no continente americano, vítimas da ambição dos brancos. Muitos desses escravos sabiam ler e escrever em Árabe.
Esse estado superior de cultura desse grupo de negros fez com que fossem rotulados de feiticeiros, passando a expressão mandinga a designar feitiço.Por outro lado, os negros que praticavam o culto aos Orixás eram vistos como infiéis pelos negros muçulmanos.
Os senhores brancos, aproveitando-se dessa rivalidade e confiando aos mandingas funções superiores que aos demais, fazia a animosidade entre eles crescer. Os mandingas não eram obrigados pelos senhores brancos a comer restos de carne de porco e até mesmo permitiam que eles usassem trechos do Alcorão guardados em pequenos invólucros de pele de animais pendurados ao pescoço. Via de regra eram os negros mandingas que acabavam ocupando o lugar de caçadores de escravos fugitivos, recebendo a denominação de "capitães-do-mato".
Quando um escravo pretendia fugir da senzala, além de se preparar para lutar sem armas através da capoeira e do maculelê, ele passava a usar o cabelo encarapinhado e pendurava ao pescoço um patuá, de modo que pensassem tratar-sede um negro mandinga, para não ser perseguido. Entretanto, se um verdadeiro mandinga o abordasse e ele não soubesse responder em Árabe, o verdadeiro mandinga descarregaria toda a sua violência nesse infeliz negro fugitivo.
Assim nasceu a expressão "quem não pode com mandinga não carrega patuá". A vingança a quem se atrevesse a portar um falso objeto sagrado pelo muçulmano era algo muito terrível.
Com o passar do tempo o hábito de utilizar patuás entre os negros foi se generalizando, pois eles acreditavam que o poder dos mandingas era devido, em grande parte, aos poderes do patuá. Por outro lado, os padres também utilizavam, e ainda utilizam, crucifixos e medalhas, agnus dei, etc., que depois de benzidos, a maioria das pessoas acredita possam trazer proteção aos devotos nelas representados.
Na verdade, o uso do talismã perde-se na longa noite do tempo e confunde-se com a própria história do gênero humano.
Nos primeiros candomblés da Bahia era comum o pedido de patuás por parte dos simpatizantes e até mesmo por aqueles que temiam o culto afro, pois se dizia que o patuá poderia até mesmo neutralizar trabalhos de magia negra.
Mas afinal, o que é um patuá?
O patuá é um objeto consagrado que traz em si o axé, a forçam mágica do Orixá, do santo católico ou guia de luz, a quem ele é consagrado.
Entre os católicos já era hábito utilizar um objeto ou fragmento que houvesse pertencido a um santo ou a um papa, até mesmo fragmentos de ossos de um mártir ou lascas de uma suposta cruz que teria sido a da crucifixação de Jesus. Até mesmo terra, que era trazida pelos cruzados que voltavam da Terra Santa e que a utilizavam nesses relicários, considerados poderosos amuletos, que deveriam atrair bons fluidos e proteger dos infortúnios.
Estes eram chamados de relicários. O nome relicário é originário do latim relicare-religar, que acabou formando a palavra relíquia.Logo o clero percebeu que não poderia impedir o uso dos patuás pelos negros, que os tiravam antes de entrar na igreja, mas voltavam a usá-los ao afastar-se dela. Decidiram, então, substituir os patuás africanos, que traziam trechos do Alcorão, por outro que trazia orações católicas, medalhas sagradas, agnus dei, etc.
Com a formação dos primeiros templos de Umbanda e a possibilidade de um contato mais direto com diversas entidades espirituais, as pessoas que buscavam proteção começaram a encontrar nesses objetos sagrados um apoio (era algo material que continha a força mágica vibratória sempre consigo).
Apartir de então, as entidades passaram a orientar sua elaboração, indicando quais objetos seriam incluídos na confecção do patuá e como se deveria proceder com eles para que recebessem o seu axé, ou seja, a força mágica.
Na verdade, a procura do patuá ou talismã é feita principalmente por quem se sente inseguro e conseqüentemente necessitado de maior proteção.
Não podemos esquecer que os componentes dos patuás não têm valor se não forem preparados pelas entidades incorporantes. Somente estas podem dar o axé do patuá.
Como preparar um patuá?
A pessoa reúne os componentes solicitados pela entidade e os leva ao terreiro. Quando forem cantados os pontos para as entidades e os de defumação, deve descobri-los, defumando-os.
Quando a entidade estiver incorporada, a pessoa apresenta-lhe os objetos para que ela lhe dê a benção.
A entidade manifestada fará então o chamado "cruzamento" dos objetos, seguindo a ordem em que os pediu. Após o cruzamento (ou benção) da entidade, os objetos são envolvidos em um pequeno saquinho preparado para recebê-los e entregues ao consulente, que deverá pegá-lo pela primeira vez com a mão direita.
Se for possível, deve transportá-lo de preferência junto ao coração. 

D. F. Trindade

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