quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Xango


 XANGÔ
 
Xangô é o Orixá da justiça, do equilíbrio, da prudência, da sabedoria e demais sentimentos que devem imperar em nós, seres humanos, e não para nós. No plano físico, atua de maneira audível e visível através dos raios, relâmpagos e trovões. As cordilheiras, enfim, todos os maciços do planeta e demais elevações existentes no cosmo, são Xangô manifestado. Ele é o Senhor de todas as energias secundárias (elétrica, magnética, nuclear, atômica, estelar, radiante, luminosa, etc.) já que Olorum é a energia primeira. Diz a lenda que quando Xangô está aborrecido cospe meteoritos no espaço. Do cimo das mais altas formações de pedra, Xangô assiste e controla com presteza absoluta, todo o esplendor das tempestades, trovões e relâmpago, toda a presença ígnea no espaço sidérico. Junto a Ele está o Orixá Iansã, que ocupa o 5º Raio da teologia umbandista.
No plano emocional já enunciamos os sentimentos que são característica da sua irradiação universal. Empresta aos seus diletos (aqueles que se conduzem 
em harmonia) um porte viril, altaneiro, digno, calmo, pelo menos aparentemente; são equilibrados nos seus pareceres, um tanto calados, mas sempre justos. Detestam pessoas mentirosas, ladras e irresponsáveis. São enérgicos, persistentes, cuidam, com gosto da aparência, do vestuário e de seus pertences. Conservadores nos hábitos e idéias. Quando mudam de pensar, fazem-no de maneira repentina e com profundidade. Amam, ardentemente, a vida.
No plano mental, destacam-se como intelectuais de primeira água. São bons doutrinadores, escritores, pesquisadores e filósofos. Servem como bússola ética às sociedades onde vivem. Bons juristas, advogados e gerentes de empresa, principalmente na parte administrativa. Como trabalhadores braçais, inspiram confiança, embora arredios no fazer amigos. Sinceros, corajosos e determinados, angariam, pelo próprio valor, as posições de mando.
A parte negativa nos filhos de Xangô está na crueldade, alienação, violência e orgulho desmedido, além da ambição um tanto cega. São capazes de liderar revoluções, desordens sociais e, com ou sem razão, tornam-se “donos” e ditadores da coisa pretendida.

Sincretismo: Xangô Caô (São João Batista) - Xangô Agodô (São Jerônimo) - Xangô Agojô (São 
Pedro) - Xangô velho

Sua Guia: Suas guias, são feitas geralmente com contas marrom, marrom/amarelo (Xangô Agodô), rosa (Xangô Caô) ou roxa (Xangô Agojô)

Sua Bebida: Cerveja preta, vinho branco, água de cachoeira, sumo das suas ervas

Sua Comida: Cará, rabada, quiabo, moranga com camarão, batata doce, abóbora

Suas ervas: Folha da costa, matamba, betis cheiroso, levante, folha de fogo, cerejeira, figueira branca, amoreira, ameixeira, espada de Santa Bárbara, Comigo ninguém pode, cipó mil homens, folhas de café, folha de manga, Guiné, arruda, limoeiro, umbaúba, vence demanda, urucum, pessegueira, pau pereira, para raio, noz moscada, nega mina, mutamba, mulungu, manjericão, malva cheirosa, jaqueira, folha da fortuna, folha da costa, fedegoso, erva tostão, erva de são João, cavalinha;
Suas flores: Lírio e Flores nas tonalidades marrom, amarelo, rosa.

Velas: Marrom, marrom/amarelo, rosa ou roxa.

Símbolo: Machadinha dupla, raio

Data da comemoração: 24/06 - Caô; 29/06 - Agojô; 30/09 - Agodô

Dia da Semana: Quarta-feira 
Número: 6, 12

Saudação: Caô Cabecile - Que significa “Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real”.

Local para entregas: Pedreiras, montanhas, campos (dependendo da qualidade do Xangô)
 
 Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras. É, portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil.
Xangô é o rei das pedreiras, Senhor dos coriscos e do trovão, Pai de justiça e o Orixá da política. Guerreiro, bravo e conquistador, Xangô também é conhecido como o Orixá mais vaidoso, entre os deuses masculinos africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Oba, que significa rei. E é o Orixá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital política daquele país.
No dia a dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos. Encontramos Xangô nas lideranças de sindicatos, associações, movimentos políticos, nos partidos políticos, nas campanhas políticas, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, a vontade, a iniciativa. Xangô é a rigidez, a organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso cultural e social, a voz do povo, o levante, a vontade de vencer.
Xangô é a capacidade de organizar e pôr em prática os projetos de diferentes áreas, é a reunião de pessoas, para discutirem pontos e estratégias de trabalho. Xangô também é o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança.
Ele está presente nos trabalhos de jornalistas, escritores, advogados, juízes, promotores, delegados, investigadores, deputados, senadores, vereadores, sindicalistas, líderes comunitários, administradores, etc. É o líder, o monarca, o reformador.
Xangô também é representado pela pedreira. É a pedra – seja ela qual for – a rocha, o fogo interior da terra. É a lava do vulcão e é o próprio vulcão. Está presente em todos os lugares rochosos e arenosos e também muito ligado ao calor do sol. É o justiceiro da Natureza, aquele que manda castigar e que também castiga.
Xangô está presente em muitos momentos importantes de nossas vidas, como, por exemplo: na assinatura de contratos e distratos, nos telegramas, nas leis e decretos, na confecção de códigos, livros, almanaques, dicionários, nas decisões judiciais, na voz da prisão, na autoridade do professor, do policial, do juiz, do pai ou da mãe, tio, avô, irmão mais velho ou responsável. Xangô é a atitude digna, a fortaleza, a decisão final.
Saudamos Xangô no ribombar dos trovões, pois ali está sua voz. Sentimos sua presença nos raios e nos grandes incêndios, situações que, por sinal, são também regidas por Iansã.
Xangô rege a bravura, o senso justo e todo elemento rochoso do mundo.
 
Xa= Senhor, dirigente
Angô= Raio, fogo, alma 

Xangô= Senhor do Raio, Senhor das Almas ou Senhor Dirigente das Almas
São Jerônimo - Xângo Agodô = Rei da Cachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras, dos Raios e Trovões e das Forças da Natureza.


Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África.

Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.
Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.
O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
A finalidade principal desta linha é fazer caridade, implantando a justiça e os sentimentos que lhe são entregues. Sua essência é ígnea, manifesta-se nas montanhas rochosas, pedreiras e energiza a estabilidade constante vibrando na musculatura e na razão.
É cultuado nas montanhas e pedreiras e aceita como oferenda cerveja preta, melão, abacaxi, rabada de boi e é firmado com velas brancas e marrons. Simbolizado pela cor marrom e figurativamente pelo desenho de um machado com dois cortes. Irradia justiça e racionalidade, flui resignação, obediência e submissão.
Xangô exerce uma influêcia muito forte em seu filho. Todos os Orixás, evidentemente, são justos e transmitem este sentimento aos seus filhos. Entretanto, em Xangô, a Justiça deixa de ser uma virtude, para passar uma obsessão, o que faz de seu filho um sofredor, principalmente porque o parâmetro da Justiça é o seu julgamento e não o da Justiça Divina, quase sempre diferente do nosso, muito terra. Esta análise é muito importante.O filho de Xangô apresenta um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero. Sua fisionomia, mesmo a jovem, apresenta uma velhice precoce, sem lhe tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria. Tem comportamento medido. É incapaz de dar um passo maior que a perna e todas as suas atitudes e resoluções baseiam-se na segurança e chão firme que gosta de pisar. É tímido no contato mas assume facilmente o poder do mando. É eterno conselheiro e não gosta de ser contrariado, podendo facilmente sair da serenidade para a violência, mas tudo medido, calculado e esquematizado. Acalma-se com a mesma facilidade quando sua opinião é aceita. Não guarda rancor. A discrição faz de seus vestuários um modelo tradicional.
Quando o filho de Xangô consegue equilibrar o seu senso de Justiça, transferindo o seu próprio julgamento para o Julgamento Divino, cuja sentença não nos é permitido conhecer, torna-se uma pessoa admirável. O medo de cometer injustiças muitas vezes retarda suas decisões, o que, ao contrário de lhe prejudicar, só lhe traz benefícios. O grande defeito dele é julgar os outros. Se aprender a dominar esta característica, torna-se um legítimo representante do Homem Velho, Senhor da Justiça, Rei da Pedreira. Por falar em pedreira, adora colecionar pedras.
São Jerônimo, sincretizado com Xangô no Brasil, nasceu de uma família abastada, provavelmente no ano 331, na cidade de Stridova, entre a Croácia e a Hungria.Estudou em Roma, especializando-se na arte da oratória.
Como sua juventude fora dedicada à vida mundana, Jerônimo tardou seu batizado e, em carta ao papa, ele vislumbrou para si um batismo de fogo no qual suas máculas seriam queimadas. Após ter copiado dois livros de Santo Hilário, ele decidiu estudar teologia. Mas sua leitura favorita continuava a ser a literatura dos grandes legisladores e oradores, como Cícero.
Aos 43 anos, ele esteve muito doente e permaneceu muito tempo acamado, durante a Quaresma, jejuou e teve visões, vendo-se diante do trono do Senhor.
Resolve dedicar-se a uma vida monástica, isolando-se no deserto de Marônia, na Síria. Livros, penas e nanquim são seus companheiros.
Para combater a pensamentos impuros, pegava uma pedra e batia em seu peito, punindo-se, logo após voltava a escrever em hebraico, onde se tornou mestre nessa língua.
O sincretismo entre Xangô e São Jerônimo está no temperamento forte, crítico e na medida que ambos são conhecedores de leis e mandamentos. Xangô tem como lugar as pedreiras.
Sua imagem é representada por um ancião sentado sobre as pedras, segurando a tábua dos 10 Mandamentos e com um leão ao lado.
Quem tem a proteção de Xangô sabe: não há nada nem ninguém que destrua um filho desse orixá. Sem medo. Essa é uma característica herdada do pai, Xangô, entidade mais forte. São dele a força, o poder e a capacidade de fazer e desfazer todas as coisas. Mas ele não age sem uma boa razão: Xangô tem um senso de justiçamuito acentuado. Exige exclusividade, mas nunca consegue resistir a uma aventurazinha. Ousados e cheios de iniciativa, quando se apaixonam, fazem o impossível para conquistar o ser amado. São diretos, sem rodeios, vão logo ao que interessa.
Atrevidísssimos, não descansam enquanto não conseguem o que querem.
Xangô é o próprio Fogo, energia inesgotável, devastadora. Ninguém fica imune ou indiferente à sua passagem. Não há como ignorar a pompa e a altivez desse integrante da alta aristocracia africana.
Pedra rolou, Pai Xangô, lá na pedreira Segura o ponto, meu Pai, na cachoeira Tenho o meu corpo fechado Xangô é meu protetor Firma esse ponto, meu filho Pai de cabeça chegou

Xangô Caô
" Que do Oriente, Xangô-Caô, com seus profundos e místicos ensinamentos, vele por todos nós dando-nos a mais absoluta firmeza e segurança,
que faça vibrar sobre nós os seus ensinamentos, mantendo nossas mentes em absoluta paz e tranquilidade.
Que Xangô nos dê a possibilidade do desenvolvimento consciente para aprimorarmos a centelha de Vida, visando o progresso e a grandeza da vida espiritual."

São João Batista - Xangô Caô (ou Kaô) = Protetor dos que sofrem injustiças, Senhor Chefe das Falanges do Oriente.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer.
Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
A finalidade principal desta linha é fazer caridade, implantando a justiça e os sentimentos que lhe são entregues. Irradia justiça e racionalidade, flui resignação, obediência e submissão.
Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo.

Xangô Caô - Curiosidades
Gilberto Gil, declarado filho de xangô, já coloca na letra de música uma identificação sincrética entre o mito africano e o cristão. São João é Xangô, e vice-versa.
A origem da ligação entre São João Baptista e Xangô passa pela origem das festas juninas na Idade Média que servia para a igreja manipular o calendário profano de natureza celta ao calendário cristão, de modo que acender a fogueira para celebrar o solstício de verão passa a ser acender a fogueira para o aniversário de São João, de Santo Antônio e de São Pedro. São João Baptista, figura emblemática de profeta, que vivia no deserto, comia gafanhotos, usava vestimentas de peles ou de cabelos, espécie de beato louco que praguejava contra a tirania de Herodes; São João que batizava com água e que batizou Cristo e que morreu com a cabeça decepada após a dança de Salomé, passa a ser sincretizado com Xangô também por sua atitude guerreira.
Na letra da canção de Gil e Caetano lemos: 


São João Xangô Menino

Ai, Xangô, Xangô menino 
Da fogueira de São João 
Quero ser sempre o menino, Xangô 
Da fogueira de São João 
Céu de estrela sem destino 
De beleza sem razão 
Tome conta do destino, Xangô 
Da beleza e da razão
Viva São João 
Viva o milho verde 
Viva São João 
Viva o brilho verde 
Viva São João 
Das matas de Oxóssi 
Viva São João 
Olha pro céu, meu amor 
Veja como ele está lindo 
Noite tão fria de junho, Xangô 
Canto tanto canto lindo 
Fogo, fogo de artifício 
Quero ser sempre o menino 
As estrelas deste mundo, Xangô 
Ai, São João, Xangô Menino 
Viva São João 
Viva Refazenda 
Viva São João 
Viva Dominguinhos 
Viva São João 
Viva qualquer coisa 
Viva São João 
Gal canta Caymmi 
Viva São João 
Pássaro proibido 
Viva São João 

Este "Xangô Menino" nos leva a pensar na origem do orixá. Segundo Jacimar Silva (Todos os Segredos de Xangô) existem duas versões para sua natureza. Uma diz que ele é um orixá totalmente masculino e que teria como companheira a Iansã, ou ainda que ele teria três esposas (Oiá, Oba e Oxum), noutra versão Xangô é um personagem andrógino e que Iansã seria sua parte feminina. A identificação de Xangô com São João Batista tem uma marca na linguagem da Umbanda, para diferenciar dos outros sincretismos. São João como Xangô é chamado de Xangô Caô, diferentemente de Xangô Agodô que é identificado como São Jerônimo, Xangô Agojô como São Pedro.O “Xangô Menino” de Gil e Caetano da “fogueira de São João” é um orixá do destino, da beleza e da razão, porém essa beleza é sem razão e o destino sem direção: “Céu de estrela sem destino / De beleza sem razão / Tome conta do destino, Xangô / Da beleza e da razão”. Essa aparente contradição se resolve na análise mais profunda da simbologia sincrética proposta. Xangô habita no alto das pedreiras, de onde governa as forças da natureza e os astros do firmamento. Considerado também um deus de raios, esse “Céu de estrela sem destino”, portanto uma estrela cadente, um raio, um cometa são elementos de Xangô que a brincar, enquanto menino na fogueira observa os fogos de artifício.
Xangô Caô pode tomar conta de nós pela astrologia, já que é seu domínio o controle dos astros.


LENDAS E HISTÓRIAS - Xangô
 
Uma Lenda sobre Xangô 
Xangô era rei de Oió, o mais temido e respeitado de todos os reis. Mesmo assim, um dia seu reino foi atacado por uma grande quantidade de guerreiros que invadiram a cidade violentamente, destruindo tudo e matando soldados e moradores numa tremenda fúria assassina. Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas. Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia perdido muitos soldados e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos. Resolveu então procurar por Orunmilá e pedir-lhe um conselho para evitar a derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito. Xangô subiu e quando estava no ponto mais alto do terreno foi tomado de extrema fúria. Pegando seu oxê, machado de duas lâminas, começou a quebrar as pedras com grande violência. Estas ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram, apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clemência. Levados até ao rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô. Desculpou-se pedindo perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por vontade própria, e sim forçados por um monarca, vizinho de Oió, que tinha um grande ódio de Xangô e os martirizava impiedosamente. Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos, aceitando-os como súditos de seu reino. Assim tornou-se conhecido como o orixá justiceiro que perdoa quando defrontado com a verdade, mas que queima com seus raios os mentirosos e delinqüentes.

Uma lição sobre Xangô
Certa noite no final de um trabalho de gira de desenvolvimento, o Caboclo Arranca Toco riscou no chão o ponto de um caboclo da linha de Xangô conhecido por nós como Caboclo Treme Terra e dentro desse ponto colocou uma pedra. Nessa ocasião, informou a todos da corrente que aquela noite seria a noite da justiça, que ele iria pedir ao seu irmão da linha de Xangô, que intercedesse por todos nós no sentido de buscar a justiça contra todos aqueles que haviam nos traído.Para fazer o pedido, era simples, qualquer médium poderia se dirigir ao ponto, segurar a pedra nas mãos e mentalmente pedir a Xangô a justiça sobre o que se julgava injustiçado.Perguntou então a corrente, quem gostaria de ser o primeiro a pedir justiça. Os médiuns mais velhos, conhecedores do rígido caráter do Caboclo Arranca Toco, ficaram quietos em seus lugares, porque sabiam que vinha desse episódio um grande puxão de orelha.Uma das iniciantes que não o conhecia bem, disse ao caboclo:
- Eu quero ser a primeira!
Dirigiu-se ao ponto e quando ia tocar na pedra, o caboclo segurou sua mão impedindo que ela tocasse na pedra e lhe disse o seguinte:
- Filha, se você tocar nessa pedra, você estará traçando o seu infortúnio futuro!
O caboclo nos deu a lição de que não existe a necessidade de pedir justiça a Xangô, Ele a fará mesmo que você não peça. Explicou ainda que todos que pedem por justiça, na realidade querem a vingança. Se desejam a punição do próximo, é porque alimentam prazer pela possibilidade do castigo que será aplicado em outra pessoa.O passado não pode mais ser mudado, se algo ruim aconteceu no passado envolvendo você e outras pessoas, tenha certeza que todos desejariam voltar no tempo e corrigir os seus erros. Isso, porém, não pode ser feito. Desta forma, perdoe as ofensas e as traições. Se você é realmente umbandista, você tem a obrigação moral de perdoar qualquer ofensa.Você foi traído, foi injustiçado, foi roubado, ou lhe fizeram coisas que o magoaram, esqueça-as; confie em Deus, em Xangô e em seus amigos espirituais, porque eles farão justiça por você.Jamais peça a Xangô a punição de outra pessoa, porque nesse caso você não quer justiça, você quer vingança, sentimento nada típico de um médium ou de um seguidor umbandista. Em relação aos canalhas, exploradores da fé alheia, matreiros e vagabundos da espiritualidade, de Xangô só temos uma coisa a lhes dizer:
- Com o tempo eles irão conhecê-lo e também conhecerão a dureza e a imparcialidade de suas leis, tenham a certeza disso!
Fonte: Nucleo Umbadista São Sebstião

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