quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ogum


 OGUM
 
  sjorge_ogum O sulfixo "gun" significa guerra. Portanto, Ogum é o Orixá das lutas, batalhas, combates e tudo mais que transpareça conflito, briga, guerra, etc. Ogum é o Senhor das Demandas. Simboliza o vencedor de demandas, emitindo vibrações positivas para enfrentar e combater todos os tipos de malefícios que obscurecem o corpo e a mente dos homens. A sua espada é uma alegoria do corte do feitiço, atingindo a mais alta expressão no campo da magia.
No plano físico, manifesta-se como o Orixá de todos os metais, patrono da metalurgia de onde se originam as armas, o instrumental cirúrgico, arquitetônico, agrícola (da enxada ao trator), os trilhos das estradas carris e tantas outras utilidades oriundas do ferro, seu metal predileto.
No plano emocional, é comum aos devotos de Umbanda imaginá-lo um audaz cavaleiro, montado em ajaezado corcel branco, armado de espada e lança, desafiando, destemidamente dragões, hienas, duendes e outros horripilantes monstros do astral inferior, forjados por mentes doentias de encarnados e desencarnados - desavisadas criaturas - fracas, ruins, perversas, completamente desatentas a uma vida moral correta, fator primordial condicente a um viver espiritual.
O alvo desse Orixá é a devastação das formas-pensamento que adoecem e inferiorizam o ser humano, passando pelo fio de espada o rosário de indignidade, abrigado infelizmente pela negligência e omissão da maioria dos cidadãos no cumprimento de seus deveres para com os irmãos em humanidade.
Cabe também ao Orixá Ogum demolir as baixezas do ego. Esse meritoso trabalho começa na mente dos seus devotos. Dizer-se filho de Ogum é estar convencido, vinte e quatro horas por dia, da necessidade do conhecimento de si mesmo e lutar acirradamente contra as próprias tendências inferiores.
No plano mental, Ogum secunda bem de perto as mentes privilegiadas e afins. Seu forte é o cumprimento das operações ao objetivo visado. Ardiloso, sagaz, astucioso (admirado pelos Exus), combativo, sem ser cruel, traz para seus “filhos de cabeça” um comportamento ordeiro, corajoso, franco e decidido. São estudiosos embora, na maioria das vezes não cheguem à intelectualidade. Parcimoniosos nos gastos; nunca mesquinhos. Gostam de se exibir com roupas vistosas, carros, casas, etc. Asseados, cumpridores de horários e da palavra dada. Exigentes daquilo que lhes foi prometido. Por ironia do destino ou mera casualidade os filhos dessa divindade marcial dão-se maravilhosamente bem com os filhos de Oxossi cujo temperamento difere completamente dos filhos do Senhor da Guerra.
Os filhos do Orixá Ogum são bons advogados e naturalmente inclinam-se para a carreira policial e das armas, alcançando os mais altos postos da hierarquia.
Vejamos, agora, as tendência negativas dos filhos do Orixá: covardia, falta de convicção, teimosia, violência; deixam-se facilmente influenciar por terceiros; ambição desmedida, preconceitos, mania de ordem e mando, exagero à discriminação no meio social em que vivem.
A linha de Ogum se divide em 21 falanges: Ogum YaraOgum Delê (ou de Lei), Ogum MatinataOgum Beira MarOgum de RondaOgum Rompe MatoOgum Megê, Ogum Naruê, Ogum das Pedreiras, Ogum Marinho, Ogum Sete Ondas, Ogum Menino, Ogum da Lua, Ogum Humaitá e outros. 

Sincretismo: São Jorge
Sua Guia: Suas guias são feitas geralmente com contas vermelha, vermelha e branca, vermelha e azul, vermelha e verde, dependendo da qualidade de Ogum.
Sua Bebida: Cerveja branca, chá preto, sumo de suas ervas e frutos
Sua Comida: Inhame, batata doce, abóbora, milho verde, feijoada, aipim
Suas ervas: Espada de São Jorge, crista de galo, folhas de mangueira, Taioba, Cipó chumbo, Palmeira de dendezeiro (Mariwo), abre caminho, alfavaquinha, arnica, aroeira, capim limão, carqueja, dandá da costa, erva tostão, eucalipto, jaboticabeira, losna, pau rosa, peregum, porangaba, são gonçalinho, jatobáNúmero: 2 e 7
Suas flores: palmas, cravos, rosas vermelhas e outras flores dessa tonalidade.
Velas: Vermelho, vermelho/branco, vermelho/azul, vermelho/verde
Símbolo: Espada, lança
Data da comemoração: 23 de Abril

Dia da Semana: Terça-feira
Saudação: Ogum iê, meu Pai! (um brado que diz que Ogum sobrevive sempre forte e soberbo); Patakori Ogum - do iorubá pàtàki (importante, principal) + ori (cabeça): "Muita honra em ter o mais importante dignitário do Ser Supremo em minha cabeça".
Local para entregas: beira de estradas, estradas de ferro, matas, beira mar (dependendo da qualidade do Orixá).

  

 Ogum é um dos Orixás mais cultuados pelos brasileiros. Isto se faz notar pelo costume de manter imagens de São Jorge (o Santo católico com que é sincretizado), nos lares e nos ambientes de trabalho. Na nossa vida, dentro do nosso cotidiano, sempre apresentamos situações que exigem um comportamento muito semelhante ao desse Orixá Guerreiro, enfrentando os desafios da realidade, buscando novos caminhos e horizontes, na tentativa de vencer com agilidade o sucesso e a prosperidade. Para isso, faz-se necessário, lutarmos contra os impedimentos, competir com os nossos adversários (concorrentes, oponentes, etc.), e, principalmente, vencermos as invejas, trapaças e injustiças. A verdade é que todos nós precisamos de coragem e determinação, de uma boa proteção material e espiritual. Ogum é o desbravador dos caminhos, Deus das guerras, vencedor de demandas, é o impulso que nos faz levantar para a luta na conquista dos nossos ideais. É o ferramenteiro, o criador de todas as ferramentas dos Orixás. Como nosso grande protetor, Ele está sempre nos lugares mais perigosos, dominando os caminhos (ruas) com o auxilio dos Exus. É sabido que, os Exus são comandados por Ogum e esse é um dos motivos que nas Giras de esquerda, damos passagem, primeiramente, a Senhor Ogum, para que ele nos limpe, nos proteja, nos dê firmeza e segurança nesse tipo de trabalho que é muito mais voltado para as coisas materiais, ou seja, onde as pessoas vem procurar muito mais auxilio material do que espiritual.Dono dos caminhos, encruzilhadas, locais ermos, rios, beira-mar, matas, cemitérios, estradas, vilas, cidades, etc., Ele está em todos os lugares, sempre com a finalidade de proteger seus filhos de qualquer situação perigosa. É importante saber que os Exus estão sempre concentrados nesses locais de perigo, comandados pela força de Senhor Ogum.
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São Jorge
São Jorge nasceu na Capadócia no ano de 280. No final do século III, o cristão Jorge trocou a Capadócia, na Turquia, pela Palestina, vindo a ingressar no exército de Diocleciano. Jorge logo se destacou, sendo elevado a conde e depois a tribuno militar. Tudo ia bem, até que as perseguições aos seguidores de Cristo reiniciaram. O rapaz não quis negar sua fé, fazendo com que Diocleciano se sentisse traído. O imperador, então, condenou-o às mais terríveis torturas. E Jorge consegiu vencer a todas elas. Suportando uma dor atrás da outra, o filho da Capadócia suportou as lanças dos soldados, permaneceu firme sob o peso de uma imensa pedra, obteve a cicatrização imediata das navalhadas que recebeu e resistiu ao calor de uma fornalha de cal. A cada vitória sobre as torturas, Jorge ia convertendo mais e mais soldados. O imperador, contrariado, chamou um mago para acabar com a força de Jorge. O santo tomou duas poções e, mesmo assim, manteve-se firme e vivo. O feiticeiro juntou-se à lista dos convertidos, assim como a própria esposa do imperador. Estas duas últimas "traições" levaram Diocleciano a mandar degolar o ex-soldado em 23 de abril de 303. Conta-se ainda que o bravo militar matou um dragão para salvar a filha do rei de Selena e todos os habitantes desta cidade Líbia.
 
Lenda ou realidade, o fato é que São Jorge nos lembra que todos nós temos algum desafio a vencer nesta vida, seja o nosso orgulho, o nosso egoísmo ou mesmo problemas que nos afetam no dia-a-dia. Como ele, devemos permanecer fortes e corajosos, independentes dos desafios que a vida nos traga. Assim, como Jorge, havemos de vencer.

 Lendas e Histórias de Ogum
 
"De todas as vitórioas e conquistas,
a mais gratificante que o ser humano pode ter,
é vencer-se a si próprio"

Há uma lenda que conta que, um homem trabalhador e sério, era frequentemente roubado, expulso de suas terras, e despojado de seus bens. Então um dia, desesperado e aconselhado por um “babalaô”, foi fazer uma oferenda (ebó) em uma mata, e ao passar um caminho, encontrou Ogum. Nesse momento, o homem caiu a seus pés, e implorou perdão por estar a invadir a mata, e ofereceu-lhe a oferenda que levava. Ogum aceitou, devorou o “ebó” e ouviu os lamentos do homem. Vendo que ele tinha razão, mandou-o colocar folhas de dendezeiro (mariô) nas portas das casas de seus amigos, marcando assim cada casa a ser respeitada, pois naquela noite Ogum destruiria a aldeia de onde vinha o homem. E assim fez, destruiu tudo, menos as casas marcadas pelo “mariô”.
Ainda hoje, e por causa dessa lenda, é comum nas entradas dos templos, ilês, e casas de culto, colocarem-se sobre as suas portas “mariô” - folhas de dendezeiro desfiadas.
Livro Orixás em poesia
Ramiro de Kali

Um conto de Ogum
Sexta - feira, todos se aprontam, é mais um dia de atendimento no terreiro, a esposa Mãe Pequena, sempre preocupada em chegar mais cedo para preparar a casa e acompanhar os irmãos de Fé, no Templo a Ialaô sempre rígida com horários pontualmente inicia as sessões:
- Nossos irmãos têm compromissos, não tem a noite toda para aguardar médiuns de “Má Vontade”. E os Guias Espirituais, acham que estão à nossa disposição? Horário é horário.
Neste dia seu marido também médium da casa, teve problemas (dia difícil), chega em cima da hora, sem suas vestimentas e sem chave de casa para se preparar, então pede auxílio a sua esposa que percebendo a sua agitação o acompanha de volta logo ali pertinho.
Em casa o marido diz:
- Hoje estou muito cansado não vou trabalhar.
Ela logo se apressa para ir sozinha, mas de repente o marido muda de idéia:
- Não! Aguarde, só vou fazer um lanche, um banho, ponho uma roupa leve e branca e ao menos vou auxiliar.
Assim juntos retornam a sessão que já havia se iniciado e os médiuns estavam batendo cabeça, ela prepara-se e entra a tempo de bater cabeça, era gira de Ogum a casa estava cheia e havia muito a ser feito. Após a gira de desenvolvimento os Ogãs já em ritmo total cantam os pontos de Ogum, a Mãe Pequena aguarda um pouco mais antes de dar passividade a seu guia, observa se tudo está bem, olha ao redor e num relance vê seu marido já incorporado com sua espada astral em punho girando em frente ao gongá. E pensa consigo mesma:
- Ué! Ele não queria incorporar.
Lá longe, pouco antes de receber seu guia, ouve uma voz ao fundo que diz:
- “Filho de Umbanda não tem que querer”
Não conheço a autoria.

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